Por incrível que pareça, dentro de alguns dias completo dois meses de casamento e, como referi na minha última publicação, o tema do nosso casamento foi algo de enorme importância para nós: as nossas Paixões. Por isso, atribuímos a cada mesa o nome de uma Paixão em específico, havendo decoração a condizer e um texto a explicar essa mesma Paixão. A semana passada publiquei o texto da Mesa Natação, de extrema importância para mim. Hoje publico outra Paixão que moldou a minha maneira de ser e de ver a vida: a LITERATURA. Leiam o texto sobre a Literatura na nossa vida e fiquem a conhecer mais um bocadinho de quem eu sou:
Muito boa tarde, meus caros convidados, e sejam muito bem-vindos a esta celebração lindíssima da união como marido e mulher deste casal tão querido por nós todos. Sou o vosso anfitrião da tarde e cabe-me a mim a responsabilidade de vos receber numa mesa que, como devem ter percebido assim que viram que iam para aqui, representa uma das paixões mais marcantes e definidoras da relação de ambos e que os levou até aqui, até se casarem e decidirem viver juntos e felizes para sempre.
Estou a falar, obviamente da…
MESA LITERATURA!
O tema do casamento da Sara e do Bruno são as Paixões. Eles são pessoas muito apaixonadas pela vida e pelas coisas que lhes fazem bem e que eles adoram. Vivem com muito entusiasmo as pequenas coisas da vida e isso é lindo de se ver. A literatura não é excepção. Aliás, até é das paixões mais fortes de ambos, talvez uma das mais marcantes, mesmo. Portanto, espero que se sintam honrados por se sentarem nesta mesa. É mesmo um grande honra, até para mim que estou apenas a receber-vos aqui.
A literatura, tal como a prática de qualquer desporto, é influenciada pelos pais numa fase inicial. Se os pais praticarem desporto com regularidade, os filhos também o farão e habituar-se-ão a uma vida mais activa. No mesmo sentido, se os pais foram leitores habituais e, até, ávidos, os filhos também o serão com maior probabilidade. No caso da nossa noiva de hoje, a literatura sempre foi algo que ela gostou de experienciar, nomeadamente a saga Twilight (mais informações na Mesa MÚSICA) que ela devorou avidamente e de forma bastante entusiasmada. A Sara só não leu tanto quanto queria porque não tinha ninguém que puxasse por ela e explorasse esse gosto que ela tinha. Mas isso mudaria assim que conhecesse aquele rapaz que se tornaria no seu marido.
O Bruno começou por ter uma relação estranha com os livros. Na primária, a professora tinha um clube de leitura no quarto ano e ele até gostou da experiência, mas quando passou para o Ensino Básico odiava ler. É verdade, o Bruno teve uns bons anos a odiar ler. Só quando chegou ao oitavo ano de escolaridade, com 13 anos, é que se apaixonou pela literatura, quando encontrou um livro de fantasia que o entusiasmou de tal forma que nunca mais parou desde então, e agora lê entre 26 a 35 livros por ano.
Às vezes é mesmo assim. Basta um livro para fazer toda a diferença. No caso da Sara, foi o Bruno que encontrou o livro que a faria apaixonar-se novamente pela leitura. E não, não foi o que ele escreveu. O problema da Sara era que ela achava que as raparigas deveriam ler aqueles romances românticos, mais lamechas, tal como as meninas devem brincar com bonecas, percebem a ideia? Só que ela não se entusiasmava com essas leituras e acabava por não gostar da experiência. Até que o Bruno lhe apresentou o mundo dos Policiais e Thrillers. E foi aí que ela reencontrou o seu gosto pela leitura e se apaixonou definitivamente pela literatura, expandido para o mundo do Fantástico, que ela também é grande apreciadora, onde se incluem sagas que ela amou ler, como o Twilight e Harry Potter.
Um ano e meio depois de se ter apaixonado pela literatura como referi há pouco, a mãe do Bruno faleceu. Ele tinha 14 anos e foi, como devem imaginar, uma situação muitíssimo complicada, dura e que acabou por o definir para o resto da vida como a pessoa que é hoje. Além da Natação, foi nos livros que o Bruno encontrou paz e encontrou uma forma eficaz de lutar contra a dor, contra todo aquele sofrimento. Porque enquanto que na Natação ele enfrentava o problema mais de frente, lutando por cada braçada e convivendo com os seus amigos, na literatura ele conseguia abstrair-se do mundo de sofrimento em que vivia, para viver noutros mundos, nos mundos que estavam nos livros. E vivia outras vidas constantemente, colocando a sua em perspectiva. É este um dos dons da literatura, o de nos abstrair da nossa vida e ter outras experiências de vida sem sairmos do mesmo sítio.
Foi no seguimento dessa estratégia de abstracção que o Bruno decidiu começar a escrever. A dor que sentia era tanta que percebeu que a precisava de libertar de outra forma além do nado: escrevendo. Foi ao escrever que se libertou completamente. Escreveu dois livros nesse ano, dois livros que de qualidade têm muito pouco, mas que o ajudaram a aperfeiçoar em tudo para escrever aquele que viria a ser o seu primeiro livro publicado, em 2010. É verdade, já lá vão nove anos desde que publicou o primeiro livro. O segundo, mais maduro e melhor trabalhado, foi publicado há cinco anos. Como o tempo passa depressa! O ano passado, em plena Feira do Livro de Lisboa, assinou contrato com a Agência das Letras, que o tem ajudado a ter uma imagem mais profissional e que o ajudará a levar o novo livro bem mais longe e a mais pessoas, tal como o Bruno sempre quis. Vamos ver como corre esta nova fase da vida literária do nosso noivo!
A literatura é tão importante para a Sara e Bruno que foi precisamente um livro que desencadeou o pedido de casamento. É verdade. Foi com um livro que o Bruno deu início ao pedido de casamento. E foi tão engraçado! A Sara começou por ler, inicialmente, toda a história de ambos, como se conheceram até como se apaixonaram e começaram a namorar. Depois, em cada página o Bruno escreveu cada aspecto que adora na Sara e na relação de ambos, acompanhado sempre por desenhos engraçados. Não era de admirar, portanto, que o livro fosse gigante! Em frente à Livraria Lello, no Porto, o Bruno ofereceu-lhe o livro como prenda de Natal e disse-lhe que ela tinha de o ler todo naquele momento. A Sara ficou surpreendida, uma vez que o livro era bastante grosso. Mas, quando percebeu que cada folha tinha apenas uma frase após aquelas páginas iniciais da história de ambos, percebeu que não iria demorar assim tanto quanto pensava.
O mais engraçado é que, no final do livro, o Bruno provocou a Sara com perguntas misteriosas, a dizer que, apesar de tudo aquilo que amava nela e neles os dois, faltava ainda fazer uma pergunta. Depois, as últimas três folhas foi a contagem decrescente de 3 para um. Quando ela virou a página com o número 1, o Bruno encontrava-se de joelhos à sua frente, com o anel de noivado na varinha da Hermione e verbalizou o que estava escrito na página seguinte: “Sara, aceitas casar comigo?”. Foi LINDO! E só visto, mesmo.
Falar deste tema sem referir Harry Potter seria um crime. Claro que, para informações mais completas e espectaculares sobre esta paixão tão grande do casal, têm mesmo de ir ler o texto da Mesa Harry Potter. Em termos de literatura, foi nos livros da série Harry Potter, oferecido inicialmente pela mãe dele, que o Bruno arranjou ferramentas para lutar ainda melhor contra a sua morte. Foi pela morte da mãe que o Bruno se apaixonou e se identificou tanto com esta série de livros. Porque Harry Potter é, acima de tudo o que mais transparece para o público em geral, uma história de amizade, de perda, de luta contra o mal e contra a dor. O Harry era órfão e a forma como ele enfrentou todos os problemas, todas as perdas que ainda viria a ter ao longo dos sete livros, foi muito marcante para o Bruno e para milhões de leitores no mundo inteiro. Aqueles sete livros são uma preciosidade que o Bruno estima imenso, como faz com poucas coisas nesta vida. Há dois anos, no Twitter, foi criado um clube de leitura do Harry Potter, o Wizarding World Book Club, em que o objectivo era lerem os sete livros todos de novo e, em cada sexta-feira, fazerem perguntas aos fãs sobre três ou quatro capítulos, sempre seguindo a ordem cronológica. Foi a oportunidade perfeita para o Bruno reler toda a história e em inglês, no original da J.K. Rowling como ele sempre quis. Mas, acima de tudo, foi a oportunidade para que a Sara lesse os livros pela primeira vez. Ela já era fã daquele universo apenas pelos filmes, e esta iniciativa foi perfeita para ela ler toda a saga e fazê-lo ao mesmo tempo que o seu noivo. E que diferença faz os livros para os filmes! Só ao ler os livros é que ela percebeu a real e profunda dimensão do mundo e da história que a J.K. Rowling criou. Foi ao ler os livros que ela compreendeu de uma forma única toda a história e se rendeu à genialidade dos livros, ficando ainda mais apaixonada como o Bruno era.
De resto, adoram passear muito (ver Texto Caminhadas) e, para fazerem uma pausa no passeio, adoram sentar-se e ficar a ler um bocado, juntinhos. Os dias de chuva e frio também são bastante propícios a ficar em casa a ler, ou a ver um filme, claro.
Um dos desejos que eles têm para a vida que começa agora é terem um cão, mais especificamente um Labrador. E sabem qual é o maior receio do Bruno? Que o cão lhes estrague e rasgue os livros! Coitado, ele tem mesmo medo que isso aconteça, mas a Sara já lhe garantiu que irão arranjar formas de proteger os livros. É melhor nem pensar no que ele faria se tal acontecesse.
E vocês, meus caros convidados? Também gostam de ler? Se não gostam estamos mal, porque fartei-me de falar aqui. Que livros gostaram mais? Que tipo de livro vos agarra mais? Os preferidos do nosso casal são os Policiais e os de Fantástico.
Leiam muito ou pouco, o importante é que vão lendo, nem que seja o jornal. Literatura é cultura, e combate a ignorância e a discriminação.
Desejo-vos umas óptimas leituras e muitas felicidades para a vossa vida. Agora, vamos lá celebrar o casamento deste casal que está tão bonito e encantador!
Sejam felizes.
SARA&BRUNO
01.06.2019
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